Este estudo investigou os comportamentos alimentares de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em comparação com crianças com desenvolvimento típico (DT), analisando fatores como seletividade alimentar, neofobia e desafios sensoriais. A pesquisa, publicada no The Egyptian Journal of Otolaryngology, ressalta a importância de intervenções precoces para promover a nutrição adequada e prevenir impactos negativos no crescimento e desenvolvimento. Também vemos paralelos entre os desafios alimentares no TEA e o desenvolvimento alimentar saudável na infância.

Crianças com TEA frequentemente apresentam comportamentos alimentares atípicos, como seletividade alimentar e rejeição a determinados alimentos devido a texturas e sabores. Tais desafios podem levar a deficiências nutricionais e impactar o crescimento. Este estudo comparou esses comportamentos com os de crianças com DT e destacou a necessidade de estratégias precoces de intervenção alimentar. Para crianças em fase inicial de desenvolvimento (até 12 anos), é necessário integrar práticas alimentares que estimulem aceitação e curiosidade, promovendo experiências positivas durante as refeições.

Este estudo foi conduzido com 105 crianças (35 com TEA e 70 com DT), utilizando questionários aplicados aos pais para avaliar comportamentos alimentares. Paralelamente, foram analisadas características como seletividade alimentar, neofobia e ritualismo nas refeições.

Resultados

  • Crianças com TEA apresentaram maior frequência de seletividade alimentar (94,3%), neofobia (91,4%) e preferências por alimentos de textura e sabor suaves.
  • Problemas como consumo de itens não alimentares e rejeição de frutas e vegetais foram significativamente maiores no grupo TEA.
  • Não foi observada correlação estatisticamente significativa entre a gravidade do TEA (CARS) e os problemas alimentares (MCH).
Nossos resultados revelaram que a carne é o tipo de alimento menos preferível. Shmaya et al. referiram que a ingestão pobre de cálcio e proteína em crianças com TEA é menor do que em crianças DT, o que afeta mais tarde o nutriente necessário para o crescimento e desenvolvimento (Mahmoud, Abdelhameed e Abdelmonam, 2021).

Paralelos para o Desenvolvimento Infantil

Seletividade Alimentar e Exposição Sensorial

Crianças com TEA rejeitam alimentos por textura e sabor, dificultando a introdução de uma dieta equilibrada.

  • Introduzir alimentos variados e texturas diferentes desde cedo pode prevenir seletividade alimentar. Criar jogos e histórias relacionados à comida ajuda a desenvolver uma relação positiva com alimentos diversos.

Neofobia e Curiosidade Alimentar

A neofobia alimentar é marcante, dificultando a aceitação de novos alimentos.

  • Expor às crianças novas experiências alimentares de forma lúdica e gradual estimula a curiosidade e a aceitação. Por exemplo, aulas de culinária para crianças podem conectar aprendizado sensorial e cultural.

Impactos no Crescimento e no Relacionamento Familiar

O estresse familiar aumenta devido a desafios durante as refeições, impactando a dinâmica e a saúde emocional dos pais.

  • Promover refeições em família e incentivar conversas sobre alimentação ajudam a construir hábitos saudáveis e fortalecer laços familiares.

As descobertas do estudo reforçam a importância de intervenções precoces para crianças com TEA, com foco na inclusão de alimentos nutritivos e estratégias para reduzir a seletividade alimentar. Paralelamente, o uso de práticas que combinam aprendizado sensorial e comportamental pode beneficiar todas as crianças, facilitando uma relação saudável com a comida e promovendo a aceitação de novos alimentos.

Embora os pais de crianças com TEA em nossa amostra tenham relatado que seus filhos são comedores altamente seletivos de certas categorias de alimentos, como carboidratos (amido), com repertórios limitados de aceitação de alimentos e alimentação seletiva, nenhum pai de uma criança com TEA expressou preocupação com o encaminhamento para terapia nutricional (Mahmoud, Abdelhameed e Abdelmonam, 2021).
Isso pode ser devido à falta de conscientização sobre os requisitos nutricionais essenciais, bem como aos problemas alimentares comportamentais mencionados anteriormente, que podem levar a certa inadequação alimentar (Mahmoud, Abdelhameed e Abdelmonam, 2021).

O estudo revelou diferenças significativas nos comportamentos alimentares entre crianças com TEA e DT, destacando a necessidade de intervenções precoces e estratégias inclusivas para promover a nutrição adequada. Para a primeira infância, práticas que integram sensorialidade, ludicidade e aprendizado cultural nas refeições são fundamentais para construir hábitos alimentares saudáveis.

Nota: Este conteúdo foi adaptado sob Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. https://creativecommons.org/licenses/by/4.0

Fonte: Mahmoud, N.F., Abdelhameed, R.S., Abdelmonam, S.A. et al. Parent-reported feeding characteristics in children with ASD vs. children who are typically developing. Egypt J Otolaryngol 37, 110 (2021). https://doi.org/10.1186/s43163-021-00152-3

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