Diversidade e inclusão na brincadeira: boneca Barbie ganha novas versões

Lembra daquela boneca que você mais amava quando jovem? Eu sempre gostei muito da Barbie e fui uma criança com o privilégio de poder ter muitas delas, mas a verdade é que, colocando lado a lado, de fato pareciam uma só. Todas loiras, de cabelo liso, corpo magro, e o que diferenciava era no máximo a roupinha. Mas não somos todos iguais, então como será que era a sensação de brincar com essas bonecas para as crianças que estavam fora deste estereótipo? Vale uma reflexão.

Essa boneca icônica foi criada por Ruth Handler, cofundadora da Mattel, Inc., e lançada em 1959. Desde então, é um sucesso entre pessoas de todas as idades. No entanto, seus padrões de beleza irreais já foram alvo de críticas. Como resposta, a empresa Mattel vem se dedicando a expandir sua linha, apresentando bonecas com diferentes profissões, etnias e estilos de corpo para refletir melhor a diversidade do mundo real.

E com isso, olhamos para a linha Fashionista, que conta com uma grande variedade de modelos. As bonecas possuem diversas cores de pele, texturas de cabelos, formatos de corpo e os mais variados acessórios que garantem a inclusão, como prótese para as pernas, cadeira de rodas, aparelho auditivo e cão de serviço.

Uma criança que brinca com uma boneca semelhante a ela tem contato com uma representação mais precisa e inclusiva da diversidade étnica e cultural da sociedade. Afirma Cintia Ferreira, em seu artigo sobre bonecas negras no site Lunetas.

Pensando em incluir mais crianças no ato de brincar, a fabricante americana lançou recentemente duas bonecas: a Barbie com deficiência visual e a Barbie que é negra e com síndrome de Down. Os lançamentos foram criados em parceria com a American Foundation for the Blind (AFB) e a National Down Syndrome Society (NDSS) dos Estados Unidos, reforçando seu compromisso com a diversidade e inclusão.

O destaque da Barbie com deficiência visual já começa na embalagem, em que o nome da boneca vem escrito em braille (sistema de escrita e leitura tátil para pessoas cegas e com baixa visão), garantindo acessibilidade para todos. A roupinha é feita com tecidos texturizados para gerar uma sensação agradável ao toque às crianças cegas e com baixa visão. Como acessórios, ela tem uma bengala branca e vermelha e braços dobráveis para facilitar seu uso, além de óculos específicos para olhos sensíveis à luz. Outra característica importante são os olhos da Barbie, que são levemente direcionados para cima e para fora, o que reflete o olhar de uma pessoa cega.

A Barbie com síndrome de Down foi lançada há pouco mais de um ano, numa versão de pele clara e cabelos loiros. Agora, a Mattel incluiu uma Barbie negra que também representa esta condição. Seus cabelos são trançados, ela usa óculos rosa e seus atributos fisicos são representados de forma realista e positiva, como o rosto arredondado, orelhas menores, ponta do nariz plana, estrutura corporal mais baixa, tronco mais longo e uma única linha na palma da mão. Na estampa do seu vestido, alguns corações possuem três setas, que representam o terceiro cromossomo 21, característico de pessoas com síndrome de down. Essa representação pode ser especialmente importante para crianças com a síndrome de Down, que podem se sentir mais incluídas e representadas ao verem uma boneca que se parece com elas.

Nosso objetivo é permitir que todas as crianças se identifiquem com a Barbie e, ao mesmo tempo, encorajar as crianças a brincar com bonecas que não se pareçam com elas mesmas. Cita Lisa McKnight, vice-presidente executiva da Mattel

A iniciativa da Mattel em criar bonecas mais inclusivas permite que as crianças se vejam refletidas em seus brinquedos e promove uma sociedade mais empática e acolhedora. As brincadeiras são uma ferramenta poderosa de aprendizagem, e quando os pequenos têm contato com a diversidade representada em seus brinquedos, elas naturalmente desenvolvem uma maior acessibilidade e compreensão das diferenças. Dessa forma, a Mattel está contribuindo significativamente para a formação de futuras gerações mais conscientes e respeitosas. Espera-se que mais empresas de brinquedos sigam esse exemplo e se posicionem de forma semelhante.